Porque estamos sempre à procura...

Nunca pensei que uma viagem de barco pudesse ser tão divertida. Pelo menos não desde a viagem Brindisi-Salonica!

Ventos de 50 km/h e chuvas intensas dão, sem dúvida, outra realidade à capital portuguesa. Depois de muitas corridas e já sem esperança de apanhar o barco das 00H20 (o que se veio a confirmar) esperar no Cais do Sodré foi já de si algo interessante. Só depois de picar o bilhete é possível ter calma e esquecer por momentos o vento. As árvores lá fora, finas e frágeis, lutam para não serem arrancadas da terra, os sinais de trânsito dobram-se ao sabor do vento e a chuva rega tudo o que se lhe atravessar no caminho. A etapa seguinte é a menos agradável. A viagem da plataforma até chegar ao barco torna-se uma luta contra as forças da natureza. É bom escolher bem o sítio de onde se inicia a viagem e ter perfeita consciência que o trajecto jamais será em linha recta. A juntar a isso, a ondulação turbulenta. Entrar no barco revela-se uma aventura com direito a sabor salgado! A Polícia Marítima, em conversa informal, informa que a Ponte 25 de Abril já foi encerrada e se a coisa piorar para ventos de 80km/h não falta muito para os barcos atracarem definitivamente no cais até à manhã seguinte. "Não se preocupem. O barco é seguro! Não tenham medo".

O medo não me bateu à porta, mas sem dúvida que não aconselho a experiência a quem tenha tendência para enjoar em viagens. Com um balanço intenso, que não embala ninguém pela violência com que as ondas batem e invadem a embarcação. Os orifícios redondos no chão junto às portas, talvez destinados a escoar água, transformam agora o Eborense num verdadeiro cetáceo, capaz de ejectar água com veemência. acentuada Uns ficam molhados, outros assustados. No meio de gargalhadas, olhares apreensivos e muita água salgada o destino avista-se próximo e o barco atraca em Cacilhas. Esquecida a aventura no Tejo, mas não a chuva e o vento é tempo de correr para o autocarro para chegar  finalmente ao destino final.