Que belo fim de noite eleitoral a de ontem na companhia da TSF, com o Governo Sombra. Ricardo Araújo Pereira, Pedro Mexia e João Miguel Tavares, com coordenação de Carlos Vaz Marques, numa análise super bem disposta e descontraida, com muitas verdades à mistura. Vale a pena ouvir.
Finalmente! As eleições já foram, duas semanas de campanha que parecem uma eternidade, duas semanas em que não se fala de outra coisa e em que não se fala de coisa nenhuma. Foi triste ver os dois principais partidos a apostarem nas acusações mútuas, sem apostar em ideias e propostas. Para o PS essa táctica, apesar de tudo, funcionou. Perdeu a maioria mas manteve o poleiro. Para o PSD é que foi pior. O espírito do não fazer, acabar, rasgar não resultou e os portugueses não viram em Manuela Ferreira Leite uma verdadeira concorrente de Sócrates. Muitos devem ter pensado, do mal o menos que fiquem lá os socialistas. A campanha no fundo só serviu para os mais pequenos se valorizarem e, bem aproveitado o tempo de antena, para discutirem os problemas que preocupam os portugueses e mostrar aquilo que querem fazer, mesmo que o façam na oposição.
O CDS-PP teve uma vitória histórica, conseguindo converter em votos todos aqueles que afirmavam pensar como eles. O apelo ao voto útil teve os melhores resultados desde a dácada de 80 e Portas conseguiu os tão desejados "dois dígitos", ultrapassando a barreira dos 10% e garantindo 21 deputados na assembleia. 21 deputados que lhe conferem a participação "noutro campeonato", sendo o único partido que coligado com o PS (excluindo o PSD) garantiria a maioria absoluta. Espero que não haja coligações, isso retiraria o espírito de voto útil e estando na oposição como terceira força política haverá muito que negociar, podendo os portugueses ficar a ganhar.
Bloco de Esquerda mais uma vez a mostrar que o descontentamento social continua e que cada vez mais portugueses, jovens ou não, continuam a votar numa esquerda mais radical. Apesar de ter ficado atrás do CDS-PP, conseguiu duplicar os deputados na Assembleia da República e manter o seu posto como partido que movimenta as massas, com peso na política portuguesa.
O caso da CDU parece-me o mais sintomático de um discurso que não muda e que começa a saturar o povo. A luta pelos trabalhadores e os seus direitos é legítima e de saudar, porém há ideais que passam de moda, que têm o seu tempo e o tempo dos ideais comunistas parece estar a passar. É urgente uma melhor adaptação à realidade do país e à evolução das políticas e preocupações.
No final desta saga, temos ainda as eleições autárquicas que espero venham a eclarecer os portugueses de uma forma mais clara, apontando os verdadeiros problemas dos munícipes e deixando as querelas entre partidos e candidatos de lado, valorizando os programas eleitorais e aquilo que realmente pretendem fazer por cada cidade, por cada freguesia.
As primeiras sondagens apontam para uma abstenção de mais de 60%. Será que a culpa é dos eleitores...ou dos políticos? Alguém ouviu propostas concretas para a Europa? Alguém sentiu o espírito europeu durante a campanha eleitoral? Houve algum esclarecimento sobre o funcionamento da União Europeia e do Parlamento Europeu?
A falta de informação é o primeiro passo para o desinteresse na política e parece-me que a costante troca de acusações entre lideres políticos e cabeças e lista não ajuda nada. E será que os próprios candidatos sabiam que se estavam a candidatar à Europa e não ao nosso pequenino Portugal? Eles vão para lá defender os direitos de Portugal, vão fortalecer o espírito europeu, vão tornar a União mais forte e capaz de enfrentar os problemas...ou não! De qualquer maneira nós não sabemos como o PENSAM fazer.
Campanha devia ser sinónimo de informação e esclarecimento. Para lavar roupa suja não precisamos da classe política. Isso já o português faz bem!
. Autárquicas pelo Governo ...