As dúvidas existenciais de um recém-licenciado são inevitáveis. Num momento como este temos de nos sujeitar a deixar a vida pausada, suspensa por uns tempos, contentarmo-nos com as ajudas de custo ou os estágios não remunerados, porque assim há-de ser a única forma de conseguir a tão pedida "experiência". É triste mas a realidade nem sempre é como queremos que ela seja.
A Grande Depressão foi há 80 anos. Assusta-me que esta chamada "crise" esteja a demorar tanto tempo a passar.
Quem procura emprego actualmente nem precisaria de continuar a ler, porque já percebeu todo o imbróglio a que me refiro. A praga dos estágios não-remunerados torna a tarefa de quem procura um posto de trabalho ainda mais complicado. Não é fácil escolher entre experiência de trabalho e subsistência. Aquilo a que eu tenho assistido é, para mim, um aproveitar de fraquezas por parte das empresas. Fraquezas dos recém-licenciados que para entrar no mercado de trabalho da área desejada têm que fazer ginásticas mentais e monetárias para tentar perceber se realmente vale a pena aceitar um estágio não remunerado de 6 meses, onde tudo o que vai ter são gastos.
Compreendo a necessidade de se aprender antes de fazer, mas 4 anos na faculdade e um estágio curricular (não remunerado portanto) de 3 meses deveriam valer para, pelo menos, um salário mínimo. Não é pedir muito pois não?
Ao que parece, e foi isso que suscitou o tema deste post, isto não acontece só em Portugal. Somos especiais, mas nem tanto. Na peça do Guardian All word no pay: the new elitism that is freezing out poorer graduates é bem patente a situação delicada que os internships provocam (apesar de importates) por serem free work.
"There is exploitation in internships. I find the worst offenders are in the most competitive graduate fields. That would be journalism, music industry, PR and advertising. Companies from those sectors are really quite frankly taking the piss. We get people saying we don't need you because we like interns to pay their own expenses."
. A Saga dos Não-Remunerado...