As dúvidas existenciais de um recém-licenciado são inevitáveis. Num momento como este temos de nos sujeitar a deixar a vida pausada, suspensa por uns tempos, contentarmo-nos com as ajudas de custo ou os estágios não remunerados, porque assim há-de ser a única forma de conseguir a tão pedida "experiência". É triste mas a realidade nem sempre é como queremos que ela seja.
A Grande Depressão foi há 80 anos. Assusta-me que esta chamada "crise" esteja a demorar tanto tempo a passar.
...para os estudantes de comunicação da Universidade do Quebec no Canadá que fizeram este vídeo brutal
E já agora por curiosidade é sempre bom ficar a saber mais.
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É na altura das tragédias que percebemos o tacto e forma mais ou menos profissional como os meios de comunicação encaram a sua função. Sinceramente, a mim, pareceu-me de muito mau gosto as capas do 24 Horas e do Correio da Manhã. Não que eu esperasse algo muito diferente...
Quem procura emprego actualmente nem precisaria de continuar a ler, porque já percebeu todo o imbróglio a que me refiro. A praga dos estágios não-remunerados torna a tarefa de quem procura um posto de trabalho ainda mais complicado. Não é fácil escolher entre experiência de trabalho e subsistência. Aquilo a que eu tenho assistido é, para mim, um aproveitar de fraquezas por parte das empresas. Fraquezas dos recém-licenciados que para entrar no mercado de trabalho da área desejada têm que fazer ginásticas mentais e monetárias para tentar perceber se realmente vale a pena aceitar um estágio não remunerado de 6 meses, onde tudo o que vai ter são gastos.
Compreendo a necessidade de se aprender antes de fazer, mas 4 anos na faculdade e um estágio curricular (não remunerado portanto) de 3 meses deveriam valer para, pelo menos, um salário mínimo. Não é pedir muito pois não?
Ao que parece, e foi isso que suscitou o tema deste post, isto não acontece só em Portugal. Somos especiais, mas nem tanto. Na peça do Guardian All word no pay: the new elitism that is freezing out poorer graduates é bem patente a situação delicada que os internships provocam (apesar de importates) por serem free work.
"There is exploitation in internships. I find the worst offenders are in the most competitive graduate fields. That would be journalism, music industry, PR and advertising. Companies from those sectors are really quite frankly taking the piss. We get people saying we don't need you because we like interns to pay their own expenses."
Os critérios jornalísticos por vezes pregam-me partidas. Porque será que temos que acompanhar todos os dias em que o Cristiano Ronaldo treina? E falo nisto em relação à RTP, porque eles até têm os direitos de transmissão do Tour de France e nem sequer uma peça com um resuminho da etapa eles fazem! Mas o segundo treino do Real Madrid merece uma peça de minuto e meio, a dizer...NADA! Nada de novo, nada de relevante, nada de interessante. A verdadeira Não-Notícia! E falo do Tour mas muitos mais exemplos podia dar, e mesmo que não houvesse mais nenhum assunto...por esta associação de ideias quando começar a época em Espanha vamos voltar a ter meia hora de Cristiano Ronaldo nos espaços informativos da televisão!
Mas isto sou só eu a pensar.
Vinha no carro a ouvir a TSF e descubro esta peça que adorei porque, confesso, desconhecia por completo a história dos comandos de televisão!
É impensável para nós, actualmente, imaginar uma televisão sem o precioso comando à distância.
E então pus-me a pensar...como será daqui a vinte anos quando eu disser aos meus filhos que "ainda sou do tempo" em que não havia internet, ou que nessa altura era só para os ricos e que "ainda sou do tempo" em que nem toda a gente tinha telemóvel. Talvez lhe possa dizer que "ainda sou do tempo" em que ainda ninguém tinha ido a Marte...mas vou poder certamente dizer que ainda sou do tempo em que o Michael Jackson era preto!
Pronto....já quebrei a minha promessa.
Olha....afinal o Lopes da Mota fica.
Devo desde ja dizer que, como não vejo a informação da TVI, não tive oportunidade de ver a entrevista da Manuela Moura Guedes ao Bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho e Pinto, na passada sexta-feira dia 22. No entanto, foi impossível não espreitar o que se passou, porque embora tenha sido ignorado nos orgãos de comunicação social, parece que na blogosfera não se fala de outra coisa. E não é para menos.
Digam o que disserem de Marinho e Pinto...até que enfim que alguém foi à TVI dizer umas verdades à pivot, talvez mais conhecida, mas menos profissional da televisão portuguesa. Tudo o que esta "jornalista" faz é aquilo que sempre aprendemos como o que está errado. Juízos de valor, atropelar o discurso do entrevistado, até a postura corporal e comentário infelizes ela consegue produzir.
Terão sido cerca de 10 minutos (o vídeo que vi tem apenas 9, mas não é a entrevista completa) de uma perfeita aula de como não fazer jornalismo. E obrigada Marinho e Pinto, porque assino por baixo cada palavra sobre esta senhora que se acha acima de tudo e de todos. É impressionante como é que pessoas assim continuam a apresentar um telejornal e a liderar uma equipa de informação...ou se calhar até se percebe! Tirem as vossas próprias conclusões.
Eu admiro bastante as capacidades de um jornalista quando ele consegue dar a volta a um tema e juntar-lhe um pouco de criatividade na escrita. Afinal, também o jornalismo vive um pouco de sedução! Um título como li hoje no Público, "Eu coço o teu Fletcher se tu coçares o meu Abidal", já é meio caminho andado para o leitor passar a fase seguinte e ler a notícia. Um título chamativo, com um interessante jogo de palavras.
. A Saga dos Não-Remunerado...
. Ups